terça-feira, 27 de setembro de 2011

Início do conteúdoUma professora de classe
Paola Oliveira é perfeita como heroína de Ziraldo no filme que estreia dia 7


Gente doce não faz filme amargo - a definição é do próprio Ziraldo, sobre a adaptação do seu livro Uma Professora Muito Maluquinha. Ziraldo refere-se aos diretores César Rodrigues e André Alves Pinto, aos atores Paola Oliveira e Joaquim Lopes. Paola é um encanto e superou suas mais íntimas expectativas sobre a professora maluquinha, que é, é bom lembrar, uma personagem real. Lopes é tão bom que Ziraldo, machão de carteirinha, faz uma confissão inesperada: “Até eu queria casar com ele”.

O filme estreia em salas de todo o Brasil em 7 de outubro, às vésperas do Dia da Criança. Como o francês O Pequeno Nicolas, de Laurent Tirard, Professora Muito Maluquinha também é um infantil com atrativos para adultos. O encanto do filme está neste voltar-se para o passado, para os anos 1940, numa cidade interiorana. Foi feito em São João Del Rei, onde Paola desfila o mais vaporoso guarda-roupa recente do cinema brasileiro - como se ela precisasse daquelas roupas para ficar bonita. ‘Mais’bonita, vá lá que seja. 

Paola confessa que foi um prazer usar todos aqueles modelitos. Ela entende uma observação do repórter. Um dos bons filmes brasileiros do ano é Riscado, de Gustavo Pizzi, com Karine Teles. O filme é sobre uma atriz que sonha com - e se candidata a - papel que poderá mostrar seu talento. Entre outras coisas, Pizzi e Karine falam de ‘sorte’. Paola sabe quanto a sorte é importante para alavancar uma carreira. Desde seu primeiro papel importante - em Belíssima, novela de Sílvio de Abreu -, ela tem sido bafejada pela sorte. O papel em Insensato Coração veio a partir da desistência de Ana Paula Arósio.

“De sorte eu entendo”, ela diz, mas acrescenta. “Só que, por mais importante que seja, sorte não é tudo. Tem de estar associada a talento, trabalho. O sucesso é uma soma de várias coisas, mas sorte conta, sim.” A sorte e um certo grau de acaso. Paulistana da Penha, Paola foi morar no Rio, em função da carreira, mas os pais ainda moram aqui. E ela não perdeu em nada seu carinho pela cidade. O acaso? Paola está ficando firme com Joaquim Lopes, o Padre Beto da história. “Mas não começamos no filme. Joaquim é muito bacana, mas durante a filmagem não rolou nada. Éramos amigos, companheiros de set, num clima de camaradagem, porque filmar o Professora foi muito divertido, lá em Minas.” Eles se reencontraram cinco meses depois, no Rio, quando Joaquim foi tentar ampliar seus horizontes (e a carreira).

O filme tem um quê de O Padre e a Moça, o clássico do Cinema Novo que Joaquim Pedro de Andrade adaptou do poema de Carlos Drummond de Andrade. Negro Amor de rendas brancas... Como foi criar a personagem? “Ah, não teve muita invenção, não. Embora filtrada pela ficção do Ziraldo, a personagem é real e, quando a personagem é real, o que a gente tem de fazer é torná-la verdadeira.” Paola foi escolhida pelo próprio Ziraldo, que a recomendou para o produtor Diller Trindade, impressionado com a semelhança física da moça com a professora Cate da vida. Antes, Paola já havia feito cinema, um papel importante com Reynaldo Gianecchini em Entre Lençóis, transposição, para o Brasil, de um filme chileno. O outro filme tinha cenas calientes de sexo, Uma Professora Muito Maluquinha é o que há de pudor.


Avançada. Embora a personagem tenha um comportamento adiante de sua época - e faça uma escolha ousada, no desfecho -, a professora maluquinha é carola, sobrinha do bispo, papel interpretado por Chico Anysio. “Chico foi maravilhoso no set, todo o elenco foi muito bacana. César (Rodrigues) e André (Alves Pinto) escolheram as crianças por meio de teste e a gente teve um período, uma semana, para se ambientar e começar a trabalhar junto. Mas, durante as filmagens, muitas vezes com aquela confusão dentro da sala de aula, eu tinha de bancar a professora de verdade, impondo a disciplina.”

Como era Paola na escola? Baderneira? “Que nada! Eu era totalmente introspectiva, cdf e muito, mas muito envergonhada. Meu ideal era passar despercebida, que ninguém me visse.” E a Paola teve uma professora muito maluquinha em sua vida? “Não digo que fosse maluquinha, mas a D. Samira, na 5ª série, foi muito importante. Ela foi especial porque foi um pouco como a Cate para mim. Era inspiradora, fazia a gente aprender alguma determinada coisa e ir além do que estava dentro da aula e da escola. Ela era um pouco como a minha heroína.”

Sexo em Entre Lençóis, carolice na Professora. Em qual dos papéis Paola se sentiu mais à vontade? Baixa uma mineirice na garota da Penha. “Uai, mas é cinema, não sou nenhuma delas, embora as duas tenham coisas de mim.” Ela admite que seu nome tem sido trabalho. “Desde 2005, com Belíssima, tenho emendado uma novela na outra. É bom, porque mostra que a emissora (a Globo) está apostando em mim e contente com o resultado, mas ando cansada. Preciso de um tempo para mim, para descansar. Vou dar uma parada em 2012."

E o que Paola gostaria de fazer, em seu ano sabático? “Ah, tanta coisa... Gosto de viajar, de estudar. Gostaria de fazer um curso de canto, para valer. Acho que ia ajudar bastante, não digo na carreira, mas no meu desenvolvimento pessoal.” Há, por sinal, uma cena de canto e dança na sala de aula, um eco de High School Musical - O Desafio, que César Rodrigues dirigiu. “Foi muito gostoso, adorei”, Paola diz. Embora sua escalada tenha sido intensa, e contínua, nos últimos anos, ela não vê sobressalto nenhum nessa evolução. “Tem sido tudo tranquilo, não tem rolado estresse nenhum.” Antes de virar atriz, Paola cursou fisioterapia, exercendo a profissão na periferia de São Paulo. “Foi uma experiência que trago para as minhas personagens, quando tenho de deixá-las mais humanas, mais sensíveis. A Marina, de Insensato Coração, por exemplo. Como mocinha era real, a gente encontra pessoas assim na esquina. Elas não têm de ser, necessariamente, boazinhas, perfeitinhas.”

Comparativamente, fazer uma vilã é muito mais fácil. “Tudo o que você faz pode ser encarado como uma atitude de vilã. A mocinha, não. Vem sempre acompanhada de várias coisas, desde a música até você convencer se está sendo boa ou não.” Ela reflete que muita gente tentou não gostar da Marina, mas a personagem terminou vencendo, e se impondo na trama. Cate, na Professora Muito Maluquinha, também está longe de ser perfeita, mas quando ela entra naquela sala e as crianças ficam, boquiabertas, os espectadores, independentemente de idade, experimentam a mesma sensação diante de Paola. Ela sabe que é bonita, e nem poderia ser diferente. Mas gosta quando o repórter diz que sua beleza é natural. Paola não é fatal, não faz o modelo vamp. “Gosto quando as pessoas me dizem isso e me veem como uma delas. Não sou melhor do que ninguém, mas acredito no que faço e gosto de fazer bem feito.” Ziraldo tinha toda razão. Paola tem physique du rôle - e temperamento - para ser a professora muito maluquinha. O ‘mercado’ já foi aquecido pela professora sem classe de Cameron Diaz. Vem aí, agora, a com classe.


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