sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Freud, comédia e muita mulher

Afinal, o que querem as mulheres? A questão, formulada pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), é o tema do seriado de seis capítulos de Luiz Fernando Carvalho, que começa no próximo dia 11 e será exibido semanalmente às 23h30 na TV Globo. A trama narra a história de André Newmann (Michel Melamed), escritor que prepara sua tese de doutorado em psicologia tentando responder à célebre pergunta. Trata-se de uma tarefa instigante que envolve, naturalmente, uma série de relacionamentos com mulheres.
 
A primeira é a própria mulher de André, Lívia Monteiro (Paola Oliveira), uma artista plástica com quem ele divide há cinco anos um apartamento em Copacabana. A lista de beldades prossegue com Tatiana Dovichenko (Bruna Linzmeyer), uma ninfeta por quem André se apaixona à primeira vista depois de se separar de Lívia; Laura (Alessandra Colassanti), uma escritora que vive uma paixão platônica por André; Noemi (Eliane Giardini), uma professora cujo feminismo não mascara a sensualidade; Monique (Maria Fernanda Cândido), uma intelectual que contesta Freud e se revela na cama; garçonetes; recepcionistas; uma vendedora de sex shop; Sophia (Letícia Spiller), que André encontra num cinema e com quem tenta reconstruir sua vida no final; e – como não poderia faltar num roteiro de inspiração freudiana – sua mãe, a possessiva Celeste, vivida por Vera Fischer.
 
 
O cenário varia de capítulo a capítulo, com ingredientes da arte pop de Andy Warhol e David LaChapelle. Num deles, o visual e a trilha sonora lembram “Lições de vida”, episódio dirigido por Martin Scorsese em Contos de Nova York (1989). Outro traz à memória o musical Moulin Rouge (2001), de Baz Luhmann.

Num truque que também não poderia faltar num roteiro desse tipo, há um seriado dentro do próprio seriado, inspirado na tese de doutorado de André. Nesse seriado, o papel de André é vivido pelo ator Rodrigo Santoro (que não é outro senão o próprio Santoro). O lance rocambolesco que conclui o novelo de referências e citações são as aparições do próprio Freud, o pai da psicanálise em pessoa. Ou melhor, em boneco de stop motion, visto apenas por André como uma espécie de perturbação de sua mente. O boneco, que mede 40 centímetros, exigiu um dia de trabalho de filmagens para aparecer apenas sete segundos em cena. Foi a forma que Carvalho diz ter encontrado para dar leveza ao tema psicanálise e tratá-lo de forma menos sisuda.

O roteiro é a primeira experiência televisiva do jovem escritor João Paulo Cuenca, numa parceria com Cecília Gianetti e os próprios Melamed e Carvalho. Depois de A pedra do reino e Capitu, Carvalho dirige agora uma trama urbana com um tom de comédia. “Não chamaria de comédia”, diz Carvalho. “Não sei ser engraçado e nem pretendo.”

Com suas outras séries, Carvalho já demonstrou ser capaz de inovar na televisão e, apesar de recursos sofisticados de roteiro, cenografia e montagem, agradar ao público que costuma assistir a novelas. Agora, ele tem uma nova chance de agradar à crítica e encontrar a resposta para outra pergunta que atormenta quem faz televisão: afinal, o que quer o público?


Fonte: Revista Época

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